Novas histórias sobre a Fazenda São Bernardino, em Nova Iguaçu - Baixada Viva Notícias

Novas histórias sobre a Fazenda São Bernardino, em Nova Iguaçu

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A Fazenda São Bernardino, construída em 1875, pertenceu à Família Real antes de ser destruída em incêndio até hoje misterioso

A polêmica sobre o abandono, o roubo, o incêndio e a destruição da Fazenda São Bernardino, em Nova Iguaçu, estreia um novo capítulo que envolve desde a cama na qual dormia D. Pedro II e a Família Real, até o arrombamento do cofre de quase quatro metros quadrados existente no casarão.


O coordenador geral de Serviços Públicos da Prefeitura de Nova Iguaçu, Orlando Pereira Lopes, aos 40 anos foi designado para tomar conta da fazenda e o que nela existia, inclusive das seis famílias que lá moravam. Hoje, aos 86 anos, ele conta tudo o que viu e que ninguém nunca escreveu.

O começo e os motivos da decadência

Construída em 1875, em estilo neoclássico, pelo influente português Bernardino José de Souza e Melo, a Fazenda São Bernardino, situada na BR-111, conhecida como Estrada do Zumbi dos Palmares ou Estrada Federal, no bairro Vila de Cava, foi um sustentáculo da economia de Nova Iguaçu. 



Além da produção para exportação de cana-de-açúcar, café, farinha de mandioca, aguardente, carvão e muitos produtos agrícolas, nela também de cultivava escravos.

Vendida em 1917 a João Julião e Giácomo Gavazzi, segundo relatos do historiador Waldick Pereira, a fazenda entrou em decadência. 

Segundo ele, os novos donos não residiram no casarão e usaram o espaço para fins comerciais, ao abrir passagens para caminhões de lenha, o que prejudicou as bases de pedra e cal das cocheiras, cortando inclusive algumas palmeiras imperiais. 



Tombada como patrimônio histórico, em 1951, o objetivo de preservar o que havia, não foi respeitado. “Os Gavazzi saquearam e venderam quase tudo que havia no casarão”, relata Waldick.

Um lado novo da história da Fazenda

Na década de 1970, começa o relato histórico de Orlando Lopes, o qual nunca foi registrado em livro e nunca fora escrito em lugar algum, segundo seu relato. 


Ontem, ele convidou o Jornal de Hoje e contou tudo o que sabe sobre o tempo que cuidou da Fazenda. “Fui designado pelo então secretário de Educação de Nova Iguaçu, Armando Arosa, para preservar e cuidar do patrimônio da Fazenda. 

Quando cheguei lá, as paredes ainda estavam de pé, havia uma grande mesa de jantar, com muitas cadeiras. Havia quadros, móveis e utensílios, tudo em seus devidos lugares. As escadas de acesso à senzala e, na frente, o tronco, onde os escravos eram castigados. 



No casarão moravam seis famílias. Elas eram responsáveis pela limpeza da fazenda, mas havia muito mato. Coloquei 22 homens trabalhando e depois de 20 dias, estava tudo limpo”, recorda Orlando, com o ar de prazer de que havia cumprindo seu dever com total zelo.

Roubo do cofre vira caso de polícia

Orlando continua: “Nesse período, descobrimos que havia um barco atracado, que estava soterrado. 

Essa embarcação era a que, saindo da Praça XV, trazia D. Pedro II e a Família Real, que moravam no Rio, para passar temporadas na fazenda. Lá ainda existia a cama dele, muito luxuosa, parecia uma cama de bebê. Quando mudou o governo, o Armando Arosa saiu. 



Foi quando começou a roubalheira. Arrombaram o cofre, que tinha quase quatro metros quadrados. Chegando lá, encontrei muitos documentos pelo chão. 

Recolhi e entreguei a Waldick Pereira e a Nei Alberto. Os Gavazzi levaram a cama. Eu chamei a polícia e a cama voltou para o lugar. Depois roubaram novamente. 

Depois disso tudo, a fazenda pegou fogo. Ao chegar lá, chamei os Bombeiros. Mas a bomba de água do carro não funcionou. 



Então não adiantou de nada. A fazenda queimou. Parecia de propósito. Na época, os Gavazzi foram suspeitos do incêndio. Mas não posso falar, pois não vi”, relata em tom de desabafo.

Agora só os restos mortais

Atualmente, como servidor público aposentado, Orlando disse ter tirado de tudo isso a seguinte conclusão: 


“Muitos prefeitos tentaram restaurar a Fazenda São Bernardino e buscaram apoio dos governos, de muita gente e de muitos órgãos envolvidos com a cultura. Cheguei à conclusão de que tudo era conversa fiada. Soltavam muitos fogos, mas não havia festa”, ri. Agora, nos dias de hoje, passados mais de 140 anos de sua fundação, da fazenda só os restos mortais.


Com informações do Jornal de hoje


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