Artistas de Nova Iguaçu revitalizam espaço abandonado pelo governo do Estado e o transformam em um Centro Cultural.
Por: Hyago Santos
Consciência social. Essas palavras definem o projeto Centro de Integração das Artes Múltiplas, o Ciam, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. O local onde antes funcionava o Centro Integrado de Apoio à Mulher estava abandonado e causando problemas aos moradores do Bairro da Luz, até que a escola de teatro Fábrica de Atores Material Artístico (F.A.M.A.) teve a iniciativa de ocupar o espaço com atividades sociais.
Inaugurado em 2008, o Ciam Baixada foi criado inicialmente para prestar atendimento a mulheres vítimas de violência doméstica. Por conta da crise financeira no Estado, o espaço fechou as portas e deu lugar ao perigo. O prédio virou ponto de usuários de drogas e alvo fácil para assaltantes, por ser um lugar deserto e com pouco policiamento.
O grupo transformou o estabelecimento em centro cultural há aproximadamente 4 meses e ganhou uma aceitação imediata dos moradores da região, pois eles dizem que já era esperada uma solução há muito tempo, mas nada foi feito antes dos artistas chegarem ali.
“Foi muito bom esse projeto ter vindo aqui para o bairro. Deixou a área mais movimentada. Melhorou para todos nós. É uma oportunidade de fazer uma coisa nova”, relata Raquel, aluna do curso de maquiagem do centro cultural.
“Esse local aqui estava totalmente abandonado. Entraram aqui e quebraram, depredaram tudo. Graças a Deus chegou esse projeto. Faço curso aqui e gosto bastante”, disse Rosângela, que mora no bairro da luz e também faz curso no espaço.
São oferecidas aulas de teatro, maquiagem, fotografia para cinema, produção audiovisual e organização de eventos. Tudo gratuito. Por ser uma Organização Não Governamental (ONG), o grupo F.A.M.A. sustenta a manutenção e outros custos produzindo peças teatrais no próprio Ciam. Além disso, a os moradores também ajudam contribuindo para manter o local funcionando.
“Todos nós na instituição, com ajuda dos próprios moradores, limpamos o local, falamos até mesmo com os usuários de drogas que antes ficavam ali e eles saíram tranquilamente. Hoje temos diversas turmas funcionando e muitas coisas boas acontecendo no espaço”, disse Alexandre Gomes, diretor do F.A.M.A.
Grupo sofre pressão para deixar o espaço
O trabalho realizado chamou atenção de outros órgãos, porém, pedindo que os artistas deixem o local. Após uma reportagem exibida pelo Balanço Geral, da Rede Record, o Conselho Estadual de Direitos da Mulher (CEDIM) pede para que o espaço volte a prestar atendimento contra violência feminina. No entanto, o grupo F.A.M.A. alega que o prédio ficou abandonado todo esse tempo e nenhuma solução foi tomada. Ainda que a causa do CEDIM seja válida, se os artistas deixarem a localidade há grandes riscos de voltar a ser o que era antes.
“Estamos sofrendo uma certa pressão para sair do imóvel. O espaço é público e nós demos vida social para ele. A própria comunidade pede para que o trabalho seja mantido. Sabemos que o atendimento antes feito no local é imprescindível. Porém, esse atendimento já foi transferido pelo próprio Estado para um outro lugar e mediante a isso o espaço ficou abandonado e nós o ocupamos com um trabalho necessário para a comunidade. Depois de tanto esforço querem nos tirar de lá”, relata Alexandre.
A luta do F.A.M.A agora é conseguir parceria e um termo de concessão oficial do espaço do Governo do Estado para garantir de vez a permanência no local.
Ato público
Eles organizam neste sábado (16) um ato público chamado ‘Quem sabe faz a hora, não espera acontecer’, com o objetivo de mobilizar uma quantidade de pessoas a fim de mostrar a importância do projeto e sua aceitação pelos moradores. A concentração começará ao meio dia. Quem quiser comparecer para defender a permanência do Centro de Integração das Artes Múltiplas, o endereço é rua Bernadino de Mello, nº 4345, bairro da Luz - Nova Iguaçu.
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