Disputa por terreiros de umbanda pode ter causado morte de pai de santo - Baixada Viva Notícias

Disputa por terreiros de umbanda pode ter causado morte de pai de santo

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Pai de santo foi executado evento em barracão -Arquivo Pessoal

Uma disputa por terreiros de umbanda em Nova Brasília, Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, pode ter sido a causa da execução do pai de santo Leandro Souza de Jesus, de 32 anos, na noite desta quarta-feira. 

O homem foi morto com cinco tiros (um deles na cabeça) quando participava de evento religioso no local onde morava com outras oito pessoas. Na manhã desta quinta-feira, familiares da vítima estiveram no Instituto Médico-Legal (IML) de Nova Iguaçu para liberarem o corpo.

De acordo com testemunhas, por volta das 22h30, dois homens vestidos com capas de chuva e com capacetes chegaram ao terreiro. Enquanto o pai de santo estava incorporado, um deles entrou na residência e disparou cinco vezes. 

Cerca de 50 pessoas participavam de uma festa e viram tudo. Após assassinarem Leandro, os criminosos foram embora. Minutos depois eles voltaram para conferir se a vítima estava realmente morta.

No bairro Nova Brasília existem diversos terreiros de umbanda e há apenas três meses Leandro se mudou para o local, tornando-se mais um líder religioso na região. Denúncias apontam que pais de santos mais antigos na região teriam se desentendido com Leandro.

Testemunhas que viram o crime contaram como foi.

“Eu estava desvirando um santo quando vi os dois homens olhando um para o outro e cochichando. Quando vi que eles manobraram para entrar, eu voltei correndo pra avisar os filhos de santo e corri para dentro do mato. Em seguida ouvi os cinco tiros”, lembra uma frequentadora no espaço religioso que viu a morte do líder espiritual.

“Eles chegaram direto nele, que estava incorporado. Acredito que não foi crime de intolerância. Eles só foram nele. Se fosse intolerância eles teriam atirado nas outras pessoas que estavam na festa”, conclui a testemunha.

Por ser um local distante do Centro de Nova Iguaçu, o bairro Nova Brasília é considerado uma região rural da cidade que tem a milícia na disputa pelo espaço.
Com vários matagais, existem poucas casas na região onde o crime aconteceu. Vizinhos do centro de umbanda estão chocados com a morte.

“A comunidade está chocada. Ele morava com oito filhos de santo que não tinham moradia. Ele sempre ajudou todo mundo. Um ajudava o outro aqui”, conta uma moradora do local.
Considerado acolhedor

Morando no bairro há três meses, segundo amigos e parentes, Leandro Souza tinha o prazer de ajudar o próximo.

“Eu morava com ele há 12 anos como filha de santo. Ele era um menino muito bom. Eu o considerava como um filho pra mim e fazia tudo por ele. Estou muito chocada. Não quero mais ficar aqui pois estou com medo”, lembra, emocionada, uma mulher que vive no centro espiritual.

Em choque e sem acreditar no crime, a costureira Avani Souza de Jesus, 50, mãe do Leandro, esteve no IML para liberar o corpo do filho. Muito emocionada ela conversou com O DIA.

“Infelizmente, não sei porque, mas, fizeram essa maldade com o meu filho. Eu só queria entender. Uma pessoa tão boa. Mas a violência está assim, matam por qualquer coisa”, afirmou a costureira.

Ao longo da vida, Avani conta que o filho trabalhou em varias profissões para sustentar o filho de 12 anos, fruto de um primeiro relacionamento. A mulher conta que Leandro pode ter sido morto por homofobia ou por intolerância religiosa.


“Será que não foi por homofobia ou intolerância? Tá faltando amor. Tá faltando olhar para o próximo como a nós mesmos”, lembra. “Se fazem isso com o uso de armas proibido, imagina quando liberarem...”, completa.

“Existia uma intolerância religiosa. Vamos lutar para que isso não aconteça com mais ninguém que está nesse mesmo barco”, afirma o auxiliar administrativo Leonardo Souza de Jesus, 30, irmão de Leandro.

Segundo Leandro, o pai de santo estava em um bom momento. “Há um meses ele disse que queria voltar para a família carnal, pois ele estava vivendo só com a espiritual há alguns anos. 

O meu irmão era apaixonado pelo que ele fazia”, lembra o rapaz.
O DIAtenta desde o começo da manhã detalhes da investigação com a Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). No entanto, a especializada nada falou.


Via O Dia




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