O menino Ângelo Miguel morreu de leishmaniose Foto: Arquivo Pessoal
Um menino de três anos morreu vítima de leishmaniose visceral na madrugada do último domingo no Morro da Camarista Méier, no Engenho de Dentro, Zona Norte.
A família de Ângelo Miguel de Oliveira Monteiro de Matos, de 3 anos, culpa as condições precárias de saneamento básico e fornecimento de água da comunidade como causa do contágio.
A leishmaniose visceral (LV) é causada por um protozoário da espécie Leishmania chagasie transmitida ao homem pela picada de fêmeas do inseto vetor infectado.
Segundo Meirielem de Oliveira, mãe da criança, o garoto começou a sentir os primeiros sintomas há um mês.
Ela o levou ao médico, mas acharam que o incômodo abdominal fosse causado por gases. Segundo a mãe, exames foram realizados somente na última quinta-feira, quando ele foi levado à Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do Engenho Novo.
A criança foi transferida para o Hospital Federal da Lagoa, mas não resistiu.
— Tem muito mosquito na comunidade. Moramos na parte mais alta, onde não tem rede de esgoto nem água encanada.
A única água que temos para consumir é do Bicão do Ouro Preto. Não há outra opção. A minha preocupação é com os meus outros filhos, inclusive a bebê de 8 meses — disse Meirielem, mãe de outros nove filhos.
As três mil famílias que vivem na parte alta da comunidade são obrigadas a usar a água da bica, de uma nascente. Segundo os moradores, a água já foi considerada imprópria.
A transmissão da leishmaniose ocorre pela picada de fêmeas do inseto conhecido como mosquito palha, asa-dura, tatuquiras, birigui, dentre outros.
A transmissão ocorre quando fêmeas infectadas picam cães ou outros animais infectados, e depois picam o homem, transmitindo o protozoário.Os sintomas são: febre de longa duração; aumento do fígado e baço; perda de peso; fraqueza; redução da força muscular e anemia.
Não há transmissão de pessoa a pessoa, apenas através da picada de fêmeas infectadas. O período de incubação no homem dura, em média, dois meses, podendo apresentar períodos mais curtos (duas semanas) e mais longos (dois anos).
Todas as pessoas são susceptíveis, e a infecção e a doença não conferem imunidade ao paciente.
Em nota, a Secretaria municipal de Saúde do Rio informou que a Superintendência de Vigilância em Saúde esclarece que o caso foi notificado e as medidas para investigação e confirmação do diagnóstico foram adotadas.
Os casos de leishmaniose não são comuns, segundo os dados epidemiológicos. Em 18 anos, desde que o número de casos passou a ser monitorado 47 pessoas contraíram a doença na cidade do Rio de Janeiro.
Via Extra
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