Há pelo menos duas semanas um golfinho marca presença nas praias de Mangaratiba, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
Vídeos e fotos publicadas nas redes sociais mostram banhistas interagindo com o animal e o alimentando, o que é proibido.
A situação acionou um alerta nas autoridades e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) iniciou uma força-tarefa de monitoramento e conscientização da população para proteger o animal.
O golfinho que pertence a espécie Steno bredanensis, conhecida como Golfinho-de-dentes-rugosos, frequenta a região há mais de um ano, mas nunca se aproximou tão perigosamente da costa.
A bióloga Karoline Santos, chefe da Fiscalização Ambiental do município, explica que ele ficava na Ilha da Madeira, em Itaguaí, mas por estar crescendo e apresentando comportamento sexual, começou a nadar próximo da orla, onde pode interagir com humanos.
— Nesta fase ele busca a interação, mas na próxima etapa de crescimento ele pode manifestar reações perigosas.
Se alguém começar a fazer qualquer tipo de carinho ou dar comida ele não vai entender quando essa pessoa parar e pode atacar mordendo ou usando o rabo.
O golfinho aparenta ser muito dócil, mas ainda é um animal selvagem.
A interação é um risco para ele e para os próprios banhistas — explica a bióloga.
Equipe do Grupamento de Proteção Ambiental atuando na Praia de Junquiera, em Mangaratiba Foto: Divulgação/Prefeitura de Mangaratiba
Interação pode resultar prisão e multa
A equipe de fiscalização já recebeu denúncias de pessoas que ofereceram churrasco para o golfinho, abraçaram o animal, o apertaram e até colocaram crianças em cima dele.
Além da atitude ser perigosa, ela também configura crime.
Quem for flagrado interagindo com o golfinho pode ser condenado a pena de dois a cinco anos de prisão e pagamento de uma multa, conforme preveem as leis federais 7.643/87 e 9.605/98.
O Código Municipal de Meio Ambiente também prevê sanções nestes casos. O valor da multa pode chegar a R$ 10 mil.
Caso algum morador ou visitante aviste alguém interagindo com o animal, é possível fazer uma denúncia via WhatsApp, no número (21) 99874-5810 ou enviar uma mensagem para a página da Fiscalização Ambiental de Mangaratiba no Facebook.
O golfinho foi visto pela primeira vez na Praia Brava no dia 6 de fevereiro.
Na ocasião, uma equipe do Grupamento de Proteção Ambiental precisou retirar banhistas do mar e conseguiu fazer com que ele seguisse uma embarcação para um ponto mais distante da areia.
Desde então, ele já foi visto nas praias de Ibicuí, do Centro, Grande e Junqueira.
A presença da espécie já foi registrada ao longo de toda a costa brasileira.
O animal costuma viver acompanhado de 10 a 40 golfinhos, mas alguns se separam dos grupos.
No carnaval, quando a cidade deve receber muitos turistas, a SMMA vai intensificar o trabalho para proteger o animal.
Três guardas devem permanecer no mar para monitorá-lo.
Na orla, funcionários vão realizar um trabalho de conscientização dos banhistas.
— Não podemos simplesmente tirar o animal daqui e transferi-lo para outro local.
Fazendo isso, nós apenas estaríamos levando um problema para outro município sem a certeza de que haveria uma equipe especializada para cuidar dele.
Por isso contamos muito com a colaboração da população para mantê-lo seguro até que ele vá para um local mais adequado — ressaltou Karoline.
Foi realizada na segunda-feira uma reunião da SMMA com representantes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA) e de ONGs que atuam na região para começar a definir um plano de ação que garanta o futuro do golfinho.
Após o carnaval, a governo municipal prentende encontrar uma solução definitiva para o caso.
Via Extra
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