Carioca vai à praia, apesar de decreto proibir aglomerações - Tomaz Silva/ Agência Brasil
Nem mesmo o medo do coronavírus e de um decreto que proíbe a aglomeração de pessoas na cidade foram suficientes para impedir milhares de cariocas de ir à praia neste sábado (14) de sol, no último fim de semana do verão.
Os banhistas ouvidos pela reportagem da Agência Brasil afirmam que ainda é cedo para evitar o banho de mar e que o ambiente aberto e ventilado não representa risco de contrair a Covid-19.
Na sexta-feira (13), o governador do estado, Wilson Witzel, editou um decreto fechando espaços públicos, como cinemas e teatros, e chegou a dizer que a Polícia Militar poderia evacuar as praias, se fosse necessário, para impedir aglomerações de pessoas.
Porém, o hábito de pisar na areia ou de caminhar no calçadão está arraigado na cultura do carioca e será difícil de ser modificado.
“Nós estamos ao ar livre, com muito vento. Acho que isso não é uma coisa legal neste momento. Pode ser que haja necessidade. Caminhar faz parte da minha vida.
Se eu não fizer isso, como eu vou ficar? A praia não é uma aglomeração em que as pessoas entram em contato toda hora”, disse o engenheiro João Antunes Moreira, que caminhava pelo calçadão de Ipanema enquanto tomava uma latinha de cerveja.
Apesar do medo gerado em vários países pelo coronavírus, muitos turistas podiam ser vistos pela orla carioca, sem demonstrar maiores preocupações.
Nenhuma pessoa usando máscara foi avistada pela reportagem, em pouco mais de uma hora de trabalho na praia.
“No Líbano, o governo fechou as praias, os ginásios, as escolas e os shopping centers, mas aqui no Brasil eu não acho que será possível retirar todas essas pessoas da praia.
Eu mesmo não estou com medo, tanto é que estou aqui. Cheguei faz três dias e vou ficar mais duas semanas”, disse o bancário libanês Oussama Hraiv, que ainda pretende ir a São Paulo, Salvador e Fernando de Noronha.
Para os que trabalham na praia e dependem de banhistas e turistas para sobreviver, a medida do governo, de evacuar as praias, não parece uma ideia de fácil execução.
“Eu acho impraticável isso, porque já basta o calor que a gente tem dentro de casa. Ficar impossibilitado de se refrescar no mar... Aí a gente vai estar vivendo uma penitência social.
Acho que morre mais gente de bala perdida do que de coronavírus”, disse o pintor Fábio Fragoso, que expõe telas coloridas no calçadão de Ipanema.
Mesmo pessoas mais idosas, que fazem parte do grupo de risco para o coronavírus, consideram exagerada a medida do governador Witzel de evacuar as praias, se preciso, para evitar aglomerações.
“Eu acho exagerado, mas a gente tá aí para cumprir", afirmou o aposentado Valmir Redua.
"Temos que manter uma distância razoável do outro, pelo menos de 1 metro. Eu não vejo problema, não.
Se ficar muito colado, aí é complicado”, afirmou o aposentado, que tomava uma água de coco na praia do Leme, junto com a filha Monique Medeiros, que também não demonstrava maior preocupação:
“Acho que atividade em lugar aberto, se não for em grandes multidões, dá para manter.”
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