O governador Wilson Witzel fez duras críticas ao governo federal e ameaçou recorrer ao Supremo, caso o socorro financeiro da União ao Rio de Janeiro não chegue até a próxima semana.
Ele informou que já se articula com outros governadores do Sul e do Sudeste para cobrar, em conjunto, as medidas.
— Esperamos que nessa semana o ministro Paulo Guedes possa apresentar soluções.
É preciso que a União consiga consolidar as propostas encaminhadas pelo sul e sudeste, que consolidam 70% do PIB.
O colapso da economia nessas regiões vai impactar os demais estados da federação — declarou o governador. — Aí, cabe ao Supremo mediar esse conflito, porque as medidas anunciadas até agora não nos atendem.
No início desta semana, durante um pronunciamento realizado ao vivo pelas redes sociais, Witzel já havia cobrado da União a agilidade para a ajuda financeira.
Isolamento mantido
O governador do Rio voltou a reforçar a importância de manter o isolamento e se solidarizou com a população e os empresários que estão sendo impactados pelas restrições.
Questionado sobre a insistência do presidente Jair Bolsonaro em criticar as medidas adotadas no Rio e em outros estados, Witzel voltou a subir o tom.
— A irresponsabilidade no que se fala pode ser muito grave quando se trata de um presidente da república. E as sansões podem ser duras.
Ainda dá tempo de reconsiderar suas atitudes pra evitar o pior. Eu não vou entrar pra História como alguém que prejudicou as populações mais vulneráveis — declarou.
Ainda de acordo com o governador, se Bolsonaro tiver certeza de suas posições, pode proibir as ações dos estados a partir da edição de medidas provisórias e decretos, o que não acontece.
— Se o presidente está tão convencido do que está fazendo, para de falar e coloca no papel, por meio de medida provisória ou decreto. Aí, os estados poderão contestar judicialmente — enfatizou.
Demora na entrega de material aos hospitais
Wilson Witzel também foi duro ao falar sobre uma possível demora do Governo Federal para enviar EPIs, respiradores e outros materiais necessários para o combate ao coronavírus nas unidades de saúde do Rio.
— É uma preocupação de todos os governadores com a lentidão que nós estamos observando da chegada desses equipamentos, dos respiradores, dos EPIs, dos testes rápidos.
A doença está avançando e nós não estamos vendo, a nível de governo federal, a mesma velocidade que se esperava para fazer frente às necessidades da saúde — criticou.
Em seguida, o secretário Estadual de Saúde tomou a palavra para falar sobre a demora na entrega do material.
Edmar Santos fez questão de esclarecer que as críticas não eram direcionadas ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, a quem elogiou, mas ao governo federal como um todo.
— Em primeiro lugar, queremos agradecer ao ministro Mandetta, mas sabemos que não depende só dele.
Estamos com dificuldade de receber equipamentos do Governo Federal.
É preciso que haja um movimento de Nação na busca do que é melhor pro seu povo. Não é um estado sozinho que vai fazer isso — afirmou o secretário.
Edmar Santos também informou que, a partir da próxima semana, o governo comecará a aplicar os testes rápidos na população. Falou ainda sobre os planos de utilizar postos do Detran em ações de testagem.
— Vamos utilizar os postos do Detran para realizar o processo de testagem. Na segunda-feira, teremos a estratégia alinhada.
Teremos uma remessa (de testes-rápidos) grande. Estamos organizando o melhor protocolo para isso.
Fonte: O Globo
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