O secretário de Estado de Saúde, Alex Bousquet, disse que, ainda nesta semana, deve desativar os hospitais de campanha de Nova Friburgo, na Região Serrana, e de Nova Iguaçu e Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. As três unidades nem chegaram a receber pacientes.
A afirmação foi feita na manhã desta segunda-feira (27) durante sessão da Comissão de Gastos com a Covid-19 da Assembleia Legislativo do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).
Com obras muito atrasadas, as unidades funcionaram apenas como reservas de leitos em caso de aumento de demanda.
Os três hospitais de campanha fazem parte de um total de sete previstos no contrato de R$ 770 milhões firmado entre a Secretaria de Estado de Saúde e a organização social Iabas. As negociações estão sob investigação -- inclusive contra o ex-secretário Edmar Santos, que está preso -- e o Iabas foi afastado da gestão.
De todos os hospitais anunciados, apenas dois entraram em operação -- Maracanã e São Gonçalo.
"Há uma forte tendência de, nos próximos dias, anunciarmos o fechamento dessas unidades. O planejamento já previa o início, meio e fim da necessidade dessas unidades de apoio. Acompanhamos as curvas de controle diário e entendemos que a epidemia está estabilizada ou em queda. Caso haja uma segunda onda de contaminação, as redes municipais e estaduais estão preparadas. Também poderemos fazer convênios com a rede particular".
Ainda de acordo com o secretário, o mesmo deve ocorrer com os hospitais de campanha do Maracanã e de São Gonçalo.
"Essas duas unidades estão abertas e disponíveis ao Sistema de Regulação, mas não estão recebendo pacientes porque não está havendo necessidade".
Segundo o secretário, o custo para o desmonte das unidades está incluído no valor original de R$ 770 milhões no contrato firmado entre a Secretaria de Estado de Saúde e a Organização Social Iabas.
O modelo de adoção de hospitais de campanha foi muito criticado durante a sessão. Segundo os parlamentares, houve um superdimensionamento da necessidade da implantação de 1,3 mil leitos previstos no contrato.
"Essa estratégia foi um desastre completo. Dos 400 leitos no Maracanã, nunca utilizaram mais de 200. Na unidade de São Gonçalo, que inicialmente teria 200 leitos, jamais usaram mais de 50 vagas", argumentou o relator da comissão, Renan Ferreirinha (PSB).
Segundo o secretário, a adoção do modelo de hospitais de campanha foi decidida em janeiro, quando a pandemia ainda não havia chegado ao Brasil, mas já causava pânico mundial.
"Naquela ocasião, cada hospital foi planejado inicialmente para um número muito maior de leitos. No entanto, com 10 dias de gestão, entendemos que todas aquelas vagas não eram necessárias. Manter esses leitos abertos seria desperdício de dinheiro público".
Logo no início desta sessão, o secretário admitiu ter encontrado uma situação de pouca organização dentro da Secretaria de Saúde.
"Certamente encontramos um caos administrativo de fevereiro para cá. Por exemplo, dos 44 contratos assinados pela secretaria, oito estavam em atraso. Além disso, 64 dos 92 municípios têm problemas com a prestação de contas, o que impede que passamos fazer repasses para essas cidades".
Durante a sessão, o deputado Luiz Paulo (PSDB) defendeu a revogação da Lei das Organizações Sociais até o dia 31 de dezembro deste ano.
Segundo ele, a data é para dar tempo de fazer a transição das OSs para as Fundações de Saúde e avisar a equipe do Conselho de Recuperação Fiscal, e também para dar tempo de discutir os concursos públicos e plano de cargos e salários.
"A Lei das OSs precisa acabar. Pedi urgência na votação desse projeto. Verificamos um mar imenso de irregularidades nessas organizações".
Via G1
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