Religiosos acusam prefeito Waguinho de intolerância religiosa em Belford Roxo; Em nota Prefeitura diz que Waguinho não compactua com nenhum tipo de intolerância religiosa

Religiosos acusam prefeito de Belford Roxo, Waguinho, de intolerância religiosa

Responsáveis por uma casa de candomblé acusam o prefeito de Belford Roxo, Waguinho, de intolerância religiosa após uma ação de reposição de asfalto feita pela prefeitura no sábado (11), no bairro Jardim Bom Pastor. As informações são do G1.

Segundo Wanderson Fernandes Saboya, um dos donos da casa de candomblé Ilê Ase Obá Aganju Otum Nilê, funcionários da prefeitura, a mando de Waguinho, quebraram a calçada do templo após os religiosos não concordarem com o prefeito.

"Ele perguntou se eu tinha gostado do asfalto e eu disse que não, que ele estava colocando asfalto sob asfalto. 

No bairro vizinho, não passa carro, ônibus quebra porque o prefeito não dá as caras. Aí, começamos essa discussão e ele gritou que não precisava de mim para nada", conta Wanderson.

"Quando eu falei que eu não era 'baba ovo', os seguranças dele disseram 'quem você chamou de baba ovo? E um deles colocou a mão na cintura, estava armado. Um deles gritou: gente igual a vocês merece tiro na cara", diz.

Prefeitura alega que obra foi por conta da manutenção de canos — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

Em nota, a Prefeitura de Belford Roxo informou ao G1 que não houve discussão do prefeito e o segurança com o morador e que a Secretaria Municipal de Conservação está fazendo obras de recapeamento na Estrada de Belford Roxo.

"Em frente à casa do morador havia um entupimento e foi necessário fazer a intervenção para que o esgoto não estourasse a calçada quando começasse a vazar. 

O prefeito Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho, não compactua com nenhum tipo de intolerância religiosa e respeita os adeptos de todas as religiões. 

Ele destaca que a obra será concluída nos próximos dias e pede desculpas pelos contratempos", destaca da nota.

Segundo o irmão de Wanderson, Washington Fernandes Saboya, também dono da casa religiosa, cerca de 20 minutos depois da discussão, uma retroescavadeira se aproximou da calçada em frente ao templo e destruiu a rua, abrindo uma cratera.

Retroescavadeira usada para quebrar a calçada, segundo religiosos — Foto: Arquivo pessoal

Um vídeo gravado por Washington mostra a máquina quebrando o concreto enquanto um grupo, apontado pelos religiosos como sendo da prefeitura, junto com Waguinho, passa próximo ao local.

"Quando o buraco estava sendo feito, o prefeito passou atrás debochando, rindo da gente. A gente estava usando as roupas do candomblé. 

Eu perguntando qual o motivo daquela destruição, eles disseram que era uma obra de encanamento. Nós já tínhamos consertado esse cano, nós que fizemos aquela obra, aquela calçada, e o prefeito quebrou tudo", diz Washington.

Prefeitura diz que obra foi por conta da manutenção de canos — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

Após o episódio, os irmãos procuraram um advogado, que registrou um boletim de ocorrência de intolerância religiosa na manhã desta segunda-feira (13). 

Os dois também contam que estão com medo de outras possíveis retaliações.

"Isso foi intolerância religiosa, sem sombra de dúvidas. Nós estávamos fazendo um culto religioso na hora. Desde sábado que a gente não dorme direito porque a gente fica com a incerteza. 

Se fez um buraco na minha porta, pode entrar na minha casa, quebrar tudo. Estamos com medo", diz Washington.

"Além de eu ter me sentido ameaçado, o meu ponto de vista foi intolerância religiosa porque isso daqui é um centro de candomblé. Ele não faz isso na frente de uma igreja. 

Se vier filmar, a igreja que tem aquela na frente da rua, a calçada está bonitinha. 

Do lado de cá, ele manda quebrar alegando que está estupido", diz Wanderson.

Fonte: G1