Na audiência pública promovida pela Comissão Especial de Carnaval da Câmara nesta sex-feira as entidades carnavalescas elevaram o tom na defesa de uma solução para a festa de 2021.
Sem vacina elas não aceitam desfilar e pressionam a Riotur e a Liesa a tomarem uma decisão que no mínimo adiem os festejos do próximo ano.
Rita Fernandes, representante da Sebastiana na audiência foi taxativa e categórica em não desfilar sem vacina.
“O marco regulatório do carnaval está demorando demais. Não conseguimos votar a lei devido a adiamentos intermináveis da Câmara. Não podemos ficar à mercê de governos.
Precisamos desse marco regulatório. A Sebastiana tem um posicionamento claro: não faremos carnaval oficialmente em fevereiro. Não acabou a pandemia. Não seremos nós que seremos irresponsáveis.
Sabemos que não podemos controlar ninguém. Mas nossos blocos não irão para a rua. Não dá mais para ficar adiando. O posicionamento da Liesa está demorando”, alertou.
O presidente da Unidos de Vila Isabel, Fernando Fernandes, não apenas disse que não há como realizar desfile sem vacina como cobrou maior respeito da administração do prefeito Marcelo Crivella com o carnaval.
“Sem essa vacina fica inviável qualquer tipo de carnaval. É um evento que não existe sem aglomeração. As escolas de samba estão voltadas para a saúde de seus colaboradores e componentes. Inclusive as agremiações, através de seus barracões, estão doando máscaras para o sistema de saúde.
O governo municipal não tem um pingo de respeito pela cultura do carnaval. O carnaval emprega milhões de pessoas e essa administração não oferece qualquer apoio. Antes de qualquer debate, falta respeito.
Só a Liesa, em vendas de ingresso, devolve mais de R$ 1 milhão de ISS, isso é imposto. Precisamos juntos, através dos legisladores, exigir maior respeito.
A gente participa de reuniões e nada anda. Só com o Crivella eu fui a sete encontros. Nunca resolveu nada”, atacou.
O diretor de operações da Riotur, Marcelo Veríssimo, prestou contas com relação à subvenção dada pela instituição às escolas.
Segundo ele o montante que resta a pagar para as escolas que receberam estão na pendência da finalização da prestação de contas, como manda a legislação.
“Todas as subvenções foram pagas até o momento das prestações de contas. As escolas tem vindo prestarem contas. Acredito que até um mês o restante do montante será quitado.
Com relação ao caderno de encargos para 2021 daqui a menos de um mês ele deve estar publicado. Será diferente devido à pandemia, estamos trabalhando com o maior cuidado. Estamos aguardando um posicionamento da Liesa com relação ao evento para a cessão do Sambódromo”, explicou.
Mangueira pede apoio institucional
Moacyr Barreto compareceu remotamente à audiência como representante da Mangueira.
O dirigente também foi duro com relação à realização dos desfiles. Rechaçando declaração anterior do vereador Marcelo Siciliano (PP), de que a pandemia estava acabando, Moacyr lembrou a taxa de ocupação de leitos de UTI para cobrar ações do poder público para ajudar os trabalhadores do carnaval.
“O Rio de Janeiro tem 86% de ocupação de leitos de UTI ocupados. Acho que isso é um dado alarmante em relação à realização do carnaval. O que foi feito para realizar o Carnaval 2021? As escolas estão sem recursos para honrar seus compromissos.
Os funcionários estão sem comida na mesa. Não vi nenhuma ação do poder público para ajudar as instituições carnavalescas. O carnaval não é uma varinha de condão para acontecer num passe de mágica.
Não posso me basear pela irresponsabilidade de alguns que acham que acabou a pandemia. É fácil fazer caderno de encargos para os outros”, disse.
O dirigente da verde e rosa cobrou apoio institucional das autoridades e lembrou que embora a Liesa controle a organização dos desfiles na Sapucaí, é dever da Riotur e da Prefeitura se preocupar com outros aspectos que envolvem o carnaval.
“As escolas necessitam de soluções institucionais. As agremiações são responsáveis por inúmeros trabalhadores. Não estamos vendo nada do poder público nesse sentido. Como fazer essa máquina girar? Acontecer o carnaval vai, um dia. É importante que seja um belo espetáculo.
A Riotur está aguardando a Liesa? Ora mas é uma instituição que cuida de um aspecto do carnaval, um evento privado. E o restante? E os blocos? Quais ações serão feitas?”, indagou.
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