Atendimento nas unidades de saúde no Rio de Janeiro. Na foto, UPA da Penha, zona norte do Rio. Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Marcos de Jesus, morador da Maré, caiu da escada no último domingo e foi levado por amigos para a UPA da Penha.
Já Simone Silva, que é moradora da Penha, levou o filho, com dor de garganta e falta de ar, para a UPA do Alemão.
A rotina do carioca que depende da saúde pública é peregrinar por bairros e bairros até dar a sorte de encontrar atendimento adequado e, com sorte, um cadeira para sentar.
Marcos caiu em casa enquanto limpava a laje. Foi levado por amigos ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha e, sem atendimento, foi encaminhado à UPA.
O pedreiro esperou mais de cinco horas para ser atendido.
"Ele chegou inconsciente. Era urgente. Primeiro, fomos para o Getúlio Vargas, e nos mandaram para cá. Chegamos aqui 6h da manhã. São 11h e ele ainda não foi atendido. Isso é uma covardia", lamentava o amigo Luiz Carlos.
Na UPA da Penha, mais de 30 pessoas aguardavam atendimento sem qualquer tipo de distanciamento na sala de espera. Algumas sentavam no chão, como foi o caso do irmão de Nilzete Maciel, o Seu José, de 67 anos, diagnosticado com a covid-19.
"Ele tinha sintomas que parecia um quadro de pneumonia, mas depois foi diagnosticado com coronavírus. Viemos aqui há 15 dias e passamos literalmente o dia todo. Chegamos às 11h e fomos sair quase às 3h da manhã do outro dia. Meu irmão precisou sentar no chão. Um absurdo, fiquei revoltada. O povo todo deitado no chão, um atrás do outro, uma situação horrível", afirmou a irmã do paciente.
Sabendo do caos na unidade do bairro, Simone Silva e o filho Maurício, de 21 anos, moradores da Penha, decidiram ir direto na UPA do Complexo do Alemão, no bairro vizinho.
A unidade também estava cheia, com uma média de espera de duas horas para cada paciente. Maurício sente há dias dores de garganta e calafrios.
"Não sabemos se é covid-19, e também sabemos que aqui não será feito nenhum tipo de teste. Pelo jeito, ficaremos sem saber. Moro na Penha, mas prefiro sempre vir na UPA do Alemão, apesar de estar cheia também".
Secretaria de Saúde: procura de pacientes em outros bairros 'não se justifica'
Procurada pelo DIA sobre a lotação de pacientes nas UPAs e a recorrente reclamação da falta de médicos das unidades da Penha, a Secretaria Estadual de Saúde informou que a UPA da Penha conta com seis médicos, e ressaltou "que não se justifica esse fluxo migratório de pacientes" que procuram atendimento em outros bairros, "tendo em vista a abertura e funcionamento das unidades".
Moradores da Maré que estiveram em outras unidades afirmaram que a UPA da Maré estava fechada no último domingo, mas a pasta esclareceu que a unidade esteve aberta durante todo o final de semana.
Rede estadual: 364 suspeitos na fila de transferência para leitos de Covid-19
Com relação ao tratamento de Covid-19, a taxa de ocupação de leitos da rede estadual está em 62% em leitos de enfermaria e 80% em leitos de UTI.
"No total, na rede pública, 364 suspeitos ou confirmados de coronavírus aguardam transferência para leitos de internação, sendo 133 para enfermaria e 231 para UTI, que podem ser regulados para diferentes redes, seja ela municipal, estadual ou federal", informou a pasta em nota.
Rede SUS no município: leitos de UTI tem 93% de ocupação
No município, a taxa de ocupação de leitos de UTI para Covid-19 na rede SUS, que inclui unidades municipais, estaduais e federais, é de 93%. Já a taxa de ocupação nos leitos de enfermaria é de 77%.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que "nas unidades da rede municipal, há 582 pacientes internados, sendo 273 em UTI. A rede SUS na capital tem 1.167 pessoas internadas em leitos especializados, sendo 548 em UTI".
A pasta disse ainda que, no momento, "259 pessoas aguardam transferência para leitos na capital e na Baixada Fluminense, sendo 164 para leitos de UTI Covid.
Importante destacar que as pessoas que aguardam leito de UTI estão sendo assistidas em leitos de unidades pré-hospitalares, com monitores e respiradores".
Via O Dia
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